A Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp manifesta sua solidariedade aos povos indígenas no Brasil, apresenta seu apoio a iniciativas governamentais de suporte aos povos indígenas e publiciza sua indignação diante da flagrante indiferença em relação a direitos fundamentais e constitucionais como o direito à vida, situação amplamente denunciada há anos por associações e lideranças indígenas.
O abandono e a violência dirigidos aos Yanomami ultrapassam qualquer fronteira de precarização de direitos básicos, atentando inclusive contra os direitos constitucionais à terra e à diferença, ao solapar o simples direito à existência. Garante a constituição sobre a diferença o direito a: organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. A profanação ultrajante do espaço vital dos Yanomami transgridem tragicamente tais princípios.
Sabemos que adultos e crianças Yanomamis não se tornaram frágeis e doentes do dia para a noite. Vêm sendo agredidos há tempos e isso nos diminui como nação. De alguma forma permitimos, não protegemos o que sabemos ser tão precioso. A despeito da indignação e movimentos internacionais de ajuda e mesmo nacionais da sociedade civil, a regeneração dessa ferida é tarefa de todos nós, apoiando o governo central na restituição das condições de vida digna ao povo Yanomami.
Além das medidas imediatas de socorro e proteção às populações ameaçadas, como aquelas prontamente assumidas pela Unicamp a partir de iniciativas da Faculdade de Ciências Médicas, as denúncias sobre a crescente invasão de territórios Yanomami por garimpeiros e sobre a nociva ingerência dos invasores no uso do centro de saúde destinado à comunidade indígena local impõem a urgente e efetiva apuração das responsabilidades, entre omissões e usurpações, para garantir o restabelecimento da justiça e da humanidade.
Por uma sociedade que consiga se antecipar e garantir os direitos de cada qual em sua diversidade para não precisar lamentar e assistir a sofrimentos inconcebíveis. Por governantes que se comprometam com a vida digna de todos, contra a ignorância e ganância que nos destroem como sociedade.
Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp