O que significa um número como esse, 500 mil, para quem tem como compromisso a defesa da vida digna, em todas as suas formas? No dia 19 de junho de 2021, poderíamos estar comemorando conquistas em favor da vida, como o plantio de 500 mil árvores ou a preservação de 500 mil delas na Amazônia; como a revoada de 500 mil pássaros ou 500 mil abelhas espalhando e polinizando vida por toda parte; como a entrega de 500 mil moradias dignas ou para 500 mil novos empregos, para renovar a esperança de tantas famílias em dificuldade; como 500 mil novas iniciativas das mais variadas que impedissem a fome a cada cidadão e cidadã; como 500 mil novas vagas nas escolas brasileiras de qualidade ou a contratação de 500 mil professores para as escolas públicas, em condições de trabalho, respeito e reconhecimento condizentes com sua importância única; como a abertura de 500 mil novas vagas nas universidades públicas brasileiras para estudantes negras, negros e indígenas; como 500 mil contratações de profissionais de saúde para o Sistema Único de Saúde, nosso SUS, especialmente destinados a revitalizar a atenção básica à saúde, onde toda ação de prevenção, promoção e atenção à saúde acontece.
Tantas são as formas de imaginarmos este número, tão expressivo, gigante, em favor da vida digna, agora e no futuro. Mas poucos momentos poderiam estar mais distantes disso como o presente. Com pesar e solidariedade diante do sofrimento que nos afeta e aflige, somos chamados a encarar com enorme tristeza e indignação a perda de 500 mil cidadãos brasileiros, vítimas da Covid-19. Há muito por fazer para estancar tanta dor na sociedade, seja pensando em amigos e familiares, seja considerando a consternação e o luto que nos afeta no cotidiano, das mais diferentes maneiras. Estamos juntos, no luto e na indignação diante do inaceitável. Estamos juntos, também no desejo e esforço para construir melhores condições para devolver respeito e dignidade à vida de cada ser humano.
Nossa pauta, orientada cotidianamente em favor dos direitos humanos, da dignidade da vida, vê-se fortalecida nesse luto, ao lembrarmos que são as populações fragilizadas por todas as duras consequências da longa pandemia também as mais atingidas pelo descaso sanitário, pela pobreza crescente, pelo declínio indiferente das políticas de proteção social. A elas dirigimos nossa solidariedade, de modo especial neste momento. Ao mesmo tempo, conclamamos a Universidade Estadual de Campinas a fortalecer seu papel social e seu compromisso com a promoção da vida para mobilizar seus conhecimentos e capacidades na construção de um futuro que respeite e supere dignamente todo esse sofrimento. Sua Diretoria Executiva de Direitos Humanos e Observatório de Direitos Humanos, que têm contribuído no combate à Covid-19 de diferentes maneiras, por meio de sua Força Tarefa, do Voluntariado e de numerosas ações cotidianas, clamam também pelas ações imediatas e urgentes do Estado que verdadeiramente poderão proteger as vidas em risco. Pelo respeito à vida, à ciência, e a todos os direitos dos cidadãos. Vacina Já!
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